A preocupação em relação à alimentação saudável vem crescendo a cada ano que passa e atinge praticamente todas as idades. Tendo isso em vista, as indústrias alimentícias adequaram-se a esse novo conceito de “vida saudável”, oferecendo atualmente uma gama de produtos que se apresentam como grandes complementos alimentares e que chamam a atenção do consumidor através de diversas estratégias, como por exemplo, o rótulo.
Um dos alvos preferidos das indústrias alimentícias são as mães, que na busca pelo bem estar físico e mental dos seus filhos, principalmente bebês, acabam sendo envolvidas pela proposta desses alimentos e muitas vezes certos enganos podem ser cometidos ou até induzidos, com uma simples observação do rótulo dessas fórmulas infantis.
Ao entrar em uma farmácia ou supermercado, essas consumidoras se deparam, dentre outros produtos, com o NAN 1 PRO e NAN 2 PRO e logo, surgem certas dúvidas como: “Qual será a diferença entre esses dois produtos?; “ Qual é o significado de 'PRO' ”?
A proposta desse trabalho é com uma linguagem direta esclarecer essas dúvidas, através da análise do rótulo desses produtos, com o olhar de profissionais da saúde e consumidores.
O produto NAN 1 PRO informa em seu rótulo a presença de DHA (ácido docosahexaenóico) e ARA (ácido araquidônico) que são ácidos graxos essenciais1 de cadeia longa e que participam do processo de desenvolvimento imunitário da criança em desenvolvimento ,enquanto que o produto NAN2PRO informa em seu rótulo a presença de DHA e Probióticos.
A primeira vista, a expressão PRO usada no rótulo desses dois produtos refere-se ao termo probióticos, porém, já de posse do significado de probióticos, percebe-se que apenas o NAN 2 PRO pode fazer uso dessa expressão, pois dos dois produtos é o único que apresenta em sua formulação culturas de lactobacillus e bifidus. Estes microorganismos apresentam, dentre outras funções, a capacidade de competir com microorganismos patogênicos diminuindo dessa forma, a ocorrência de diarréias, comuns em bebês.
Comunicação cruzada entre bifidobactérias e o epitélio da mucosa intestinal
Com base no que foi acima exposto, questiona-se a possibilidade de a indústria responsável pela fabricação dessas duas fórmulas infantis, ao fazer uso da expressão “PRO” para ambas encontra-se fora da legislação apropriada. Na verdade, de um lado pode-se considerar sim um erro a utilização de “PRO” na embalagem, ainda mais porque pode induzir o consumidor a pensar que tanto NAN1PRO como NAN 2PRO são alimentos probióticos e sendo assim, o NAN 2PRO seria um segmento do NAN 1PRO.
Porém, há também a possibilidade de que o prefixo PRO utilizado venha com intuito de afirmar que o produto destina-se à promoção de uma alimentação saudável, sendo este “a favor da saúde da criança”.
Sendo assim, deixa-se aberta a discussão sobre usar ou não usar estrategicamente termos dúbios na rotulagem de produtos disponíveis no mercado, apelando-se para a ética das empresas relacionadas como para a atenção dos profissionais da saúde, como médicos, nutricionistas e farmacêuticos, além do interesse da comunidade consumidora.
Naiara Santarem
Sally Liechocki
*1- Os ácidos graxos essenciais são os ácidos graxos que não são produzidos bioquimicamente pelos seres humanos e devem ser adquiridos da dieta.
4 comentários:
O NAN pró está substituindo o NAN no mercado e a diferença que vejo entre o NAN 1 e o NAN 1 pró é a presença de ácidos graxos no segundo. Se esses ácidos graxos não estão presentes no leite materno, será que eles são mesmo necessários na alimentação do lactente? Talvez isso seja uma forma de contribuir com a proteção do lactente contra infecções e doenças, já que essas fórmulas infantis não conseguem fornecer anticorpos para o bebê.
Maria Beatriz Rangel Ramos
Acredito ques estes alimentos probióticos não deveriam ser vendidos livremente. A idéia que as mães têm quando observam os produtos descritos neste blog, é que o termo PRO significa pró saúde, pró desenvolvimento, enfim, acham que de alguma forma estes alimentos vão saciar as necessidades nutricionais do bebê, quando na verdade só deveriam ser consumidos se houvesse indicação médica. Na minha opinião, já que são vendidos livremente mesmo, pelo menos a rotulagem deveria ser mais clara, de forma que as mães pudessem compreender o real sentido do termo PRO mencionado em letras garrafais na embalagem.
Em ambas as fórmulas "pro" foram apontadas que houve o acréscimo de DHA (ácido decosahexaenóico) que normalmente já está presente no leite materno. Se a intenção da fórmula é mimetizar o leite materno, principalmente para casos onde a amamentação não é possível, não seria errado considerar essa adição na nomenclatura pro? Acho um pouco tendencioso e sugestiva essa nomenclatura que pode sugerir que esse tipo de leite pode ser melhor que o materno em si.
As infant fórmulas tem como função mimetizar o leite materno, ou seja, se aproximar ao máximo do que a natureza propõe. Porém alguns neonatos nascem com necessidades especiais e assim, criaram-se leites adaptados a estas necessidades.
O PRO, ao meu ver neste caso, é utilizado como PRÓ SAÚDE, uma vez que são os que mais se assemelham ao leite materno aumentando as defesas do organismo como ocorreria se amamentado usualmente. Diferentemente de outros tipos que usam outras palavras ou siglas para designar o leite para outras condições específicas dos neonatos. Ex: NAN AR para bebês com problema de refluxo.
Algo importante a se dizer e que se as consumidoras entram em um supermercado para comprar e apresentam dúvidas estas deveriam também ler no rótulo que SÓ DEVE SER USADO COM INDICAÇÃO EXPRESSA DE UM MÉDICO OU NUTRICIONISTA.
Por outro lado um caso que interessante de se comentar seria o uso da sigla DHA e ARA que são dois tipos de gorduras importantíssimas para o desenvolvimento, porém já se encontram no leite materno, não sendo um "plus" como o rótulo dá a impressão de ser.
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